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Contribuições aos eventos

ECOGERMA 2013

de Lena Fischer

RELATÓRIO DA MESA REDONDA: “Energia, inovação, clima!”

Nos dias 26 e 27 de junho foi organizado pela quinta vez na cidade de São Paulo o congresso "Ecogerma 2013" pela Câmara Brasil-Alemanha (AHK), onde a Fundação Konrad-Adenauer participou com uma mesa redonda.

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A ECOGERMA deste ano foi realizada sob o título “experiências Brasil-Alemanha” e abordou temas como energia, mobilidade e gestão de resíduos. Neste âmbito, empresas e representantes de organizações internacionais como a GIZ, o Banco Mundial e também a Fundação Konrad-Adenauer apresentaram projetos e perspectivas no que diz respeito à implementação de novas práticas e tecnologias no Brasil.

Do mesmo modo foram apresentadas possibilidades de transmitir experiências, “Best-practice”, referentes à implementação de inovações sustentáveis ao mercado brasileiro, o que criou a oportunidade para novas cooperações e o intercâmbio de experiências. Depois da abertura do congresso pela Câmara Brasil Alemanha foi atribuído o prêmio von-Martius para projetos destacados nas categorias “humanidade”, “natureza” e “tecnologia”.

No segundo dia, a mesa redonda da Fundação Konrad-Adenauer sobre o tema “Energia, inovação e clima!” enfocou um debate mais político. A mesa foi apresentada pelo coordenador de projetos da Fundação Konrad-Adenauer, Gregory Ryan, e devia integrar o público na discussão a través do formato fish-bowl (aquário).

Depois de uma curta abertura da mesa pelo senhor Gregory Ryan a palavra foi dada ao senhor João Viégas. João, além da sua atividade como professor de relações internacionais na Universidade Candido Mendes, é Técnico Pericial na área de Patrimônio Histórico Cultural do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro. Pela sua experiência, como membro numa instituição estatal, apontou primeiro os problemas que muitas vezes aparecem com a importação de experiências “Best-practice” na área da proteção do clima ou da mudança climática no estrangeiro. Neste contexto mencionou especialmente que sem as melhorias na fiscalização, a aplicação sustentável dos projetos não terá sucesso em longo prazo. Além disso, indicou que só a transferência de tecnologia, sem a organização e a legislação correspondente não basta. Com isto, reivindicou explicitamente a participação da população que, segundo João, deveria desempenhar um papel ativo no processo de implementação da fiscalização para garantir uma mudança sustentável.

Como segundo convidado, o senhor Yves Ehlert, Gerente Regional da DEG MERCOSUL que faz parte do Banco alemão de desenvolvimento KFW no Brasil, falou sobre chances e desafios para a proteção do clima e a mudança climática no Brasil. Nesse contexto realçou o grande potencial do Brasil na área de biogás e energia solar que ainda não tem sido aproveitado. Ao mesmo tempo, remeteu à falta de subvenção do governo, sobretudo na área da energia solar, o que travava fortemente o desenvolvimento desse setor promissor. As pequenas e médias empresas, principalmente, poderiam – segundo o senhor Ehlert – contribuir significativamente para um aumento da eficiência energética, não obstante, precisando para isso do apoio do BNDES ou outras instituições similares para facilitar os primeiros investimentos.

Em terceiro lugar, Caetano Scannavino Filho, teve a palavra como representante da sociedade civil brasileira. Caetano é gerente e coordenador de projetos da ONG Saúde e Alegria em Santarém, no norte do Brasil, que está empenhada na participação da sociedade civil no desenvolvimento integrativo e sustentável comunal da região do Amazonas. Com isso, ele é confrontado diariamente sobre as consequências negativas dos grandes projetos de infraestrutura para as tribos indígenas que moram em grande número no Amazonas. Ele menciona a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte no estado do Pará como exemplo crítico para o desenvolvimento de projetos na área do clima e da energia, pois o projeto pode trazer como consequência, enormes problemas para as tribos indígenas que moram nessa região já por muitas décadas. Nesse contexto Caetano sugeriu pesquisas mais cautelosas e um melhor planejamento no âmbito dos projetos para que pudessem alcançar o seu objetivo original – prestar uma contribuição sustentável à proteção do clima e à eficiência energética – e sobre tudo para que estivessem de acordo com as necessidades da população local.

Como último palestrante, Eduardo Viola, professor de relações internacionais da Universidade de Brasília, expôs várias teses no contexto da situação política atual do Brasil. Por exemplo, vê nos protestos atuais não somente um sinal positivo para a consolidação da democracia brasileira, mas também vê esse atual pioneirismo político, sobretudo a prevista reforma política, como chance para uma mudança política de paradigmas que vai abrir caminho para a implementação sustentável de medidas para a proteção do clima, como também para inovações na área da energia e da mobilidade. Eduardo esclareceu também, que embora lhe pareça possível um desenvolvimento positivo do Brasil a respeito da proteção do clima e à eficiência climática, essa possibilidade dependeria claramente da abolição dos interesses particulares no parlamento, do combate sério à tradição de corrupção brasileira, como também uma melhora significativa do sistema educacional no Brasil. Mesmo ele que já há muitas décadas determinou o Brasil como a pátria de sua escolha, se mostrou surpreendido com a força dos protestos atuais e lhes concedeu chances reais no que diz respeito a uma mudança política séria e as consequências positivas dela para as áreas da inovação e da proteção do clima.

Na sequência das apresentações dos palestrantes, cada um deles teve a possibilidade de comentar as teses dos seus colegas e, a seguir, a mesa foi aberta também à participação do auditório. Assim, a discussão foi enriquecida de novo por aspectos interessantes, por exemplo, a pergunta pelo sentido respectivamente a pertinência da expressão “sustentabilidade”. Segundo Caetano, essa expressão deveria ser evitada pela falta de precisão no uso dela e o uso ambivalente dela por diferentes grupos de interesses. Segundo outro presente, a expressão “sustentabilidade” deve ser percebida de uma maneira mais integrada, por exemplo, definindo-a através das três dimensões “meio ambiente”, “sociedade” e “economia”. Os estudantes contribuíram com uma questão de alta relevância prática, sobre como os estudantes poderiam promover uma mudança no pensamento a favor da proteção do clima através de pequenos projetos; também foi discutida a pergunta mais ideológica referente a possibilidades de ultrapassar o consumismo tradicional brasileiro. Outra voz do público abordou por último as falhas na implementação de projetos de energia do governo como, por exemplo, a construção de turbinas eólicas no nordeste do Brasil que ainda não foram conectadas à rede. Outra observação foi que a sociedade brasileira tinha que aprender a se empenhar mais na política para, por exemplo, impedir a construção de outras centrais nucleares pelo governo como as que são planejadas em Angra dos Reis.

No conjunto, a mesa redonda enriqueceu a ECOGERMA com uma discussão política diversa e variada que foi enriquecido com os diferentes contextos pessoais e acadêmicos dos palestrantes, bem como também com a participação ativa do público e conseguiu relacionar os pontos de convergência entre os protestos atuais no país e os desafios políticos, questões em relação ao clima, energia e a responsabilidade da sociedade no que diz respeito à mudança climática.

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Gregory Ryan

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