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Contribuições aos eventos

Relatório: 2º Dia Internacional da Democracia

No dia 15 de Setembro de 2009, realizou-se no Rio de Janeiro, em parceria com o Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI) e o escritório Dannemann Siemsen Bigler & Ipanema Moreira, a Conferência do 2º Dia Internacional da Democracia. Este ano o objetivo foi debater sobre datas emblemáticas para a democracia como os vinte anos da queda do Muro de Berlim, os 200 anos da independência dos países latino-americanos, os 120 anos de República brasileira.

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Chamado para compor a mesa de abertura ao lado do representante da casa, Dr. Peter Dirk Siemsen, e do representante da Fundação Konrad Adenauer (KAS) do Brasil, Dr. Peter Fischer-Bollin, o Embaixador Marcos de Azambuja encarregou-se de inciar o evento afirmando que a Democracia precisa de cuidado permanente, e chamando atenção para as tendências bonapartistas existentes na América Latina. Neste sentido, o Dr. Siemesen afirmou que ainda que a democracia brasileira já esteja consolidada, nossa responsabilidade é fazê-la transcender para os países vizinhos.

Fechando os discursos de abertura, o representante da Fundação Konrad Adenauer (KAS) no Brasil, Dr. Peter Fischer-Bollin, garantiu que vale a pena lutar pela democracia e reiterou as palavras do Embaixador Azambuja: é um esforço diário. Segundo Dr. Ficher-Bollin, devemos ter em mente que este esforço pela democracia produz resultados a longo prazo, e que a democracia, até mesmo em um país desenvolvido como a Alemanha, não é perfeita

Dando continuidade ao evento, foram chamados para compor a mesa de debates o vice-governador de Minas Gerais Professor Antônio Anastásia, o sociólogo Hélio Jaguaribe, o membro do Conselho Argentino de Relações Internacionais Federico Merke, o professor da Universidade de Brasília Estevão Rezende Martins e a professora e coordenadora do programa de pós-graduação em Relações Internacionais da Universidade Estadual do Rio de janeiro, Miriam Saraiva.

Falando dos 120 anos da República brasileira, o primeiro palestrante da mesa, Antônio Anastasia, chamou atenção para a forte concentração do poder em Brasília, e afirmou que é preciso valorizar mais o caráter federativo de nossa república, criando políticas que se aproximem mais dos cidadãos. Já Hélio Jaguaribe, ainda no mesmo tema, antentou para a necessidade de se reduzir a desigualdade e para a importância da educação.

Ao discursar sobre a independencia dos países latino-americanos, o argentino Federico Merke lembrou que no século XIX não havia democracias propriamente ditas e que a independencia desses países deu-se através da implosão dos antigos impérios europeus, acarretando o surgimento de Estados fragmentados, violentos e constantemente em busca de uma identidade latina.

Já no século seguinte, ainda com intensa instabilidade política, os países evoluíram lentamente para um estado mais democrático. Ele explica que até os anos 1940 a justificativa para a ausência de uma democracia consolidada fazia-se através de fatores culturais, ao passo que dos anos 40 aos anos 80 recorria-se ao argumento sócio-econômico do subdesenvolvimento. A partir dos anos 80 finalmente chegou-se a uma fase mais democrática na trajetória dos países latino-americanos, cuja média de 40 a 50% da população atual não crê na democracia.

Para explicar tal fato, Federico Merke destaca a grande debilidade instituicional presente na realidade política da América Latina como, por exemplo, a falta de continuidade presidencial e de um caráter estrutural nas reformas realizadas por estes presidentes.

Estevão Rezende Martins, por sua vez, ao lembrar-nos da trajetória européia rumo à democracia, enfatizou o quão dolorosa foi esta caminhada, e mostrou que a busca pela democracia trouxe o melhor mas também o pior para o continente, tomando como exemplo as grandes guerras e suas conseqüências sociais, econômicas, culturais e humanas.

O professor da UnB reforçou as palavras ditas na cerimônia da abertura pelo representante da Fundação Konrad Adenauer, Dr. Fischer-Bollin, e chamou a democracia de uma sinfonia inacabada, onde a diferença não é uma ameaça, mas sim uma possibilidade de convergência.

Fechando o ciclo de palestras, a professora Miriam Saraiva apontou a importância das maiorias estarem conscientes da minoria e da ocorrência de mudanças estruturais e institucionais como maior controle externo e prestação de contas, inclusão social, melhorias de gestão e combate à corrupção.

Para Miriam o liberalismo econômico coloca em perigo a democracia e afirma que esta não está culturalmente estabelecida. Ela destaca ainda a importância dos meios de comunicação, que desempenham um papel fundamental: fazem a ponte de comunicação entre a sociedade e a política.

E por fim, apesar de reconhecer a falta de confiança nas instituições democráticas para a qual atentou Federico Merke, Miriam acredita que há sim confiança no sistema democrático, reconhecido como melhor opção.

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