A visita de uma semana levou o grupo a Berlim e à Renânia do Norte-Vestfália. Lá, foram realizadas conversações com os diretores de vários departamentos da KAS, bem como com a Associação de Política Local do partido CDU (União Democrata Cristã). Além disso, foram feitas reuniões com o grupo parlamentar teuto-brasileiro do Bundestag, bem como com o parlamento estadual (Landtag) de Berlim e o parlamento regional (Landkreistag) da Renânia do Norte-Vestfália. O programa incluiu também uma visita à região do Ruhr e à empresa de serviços públicos (Stadtwerk) de Essen. Foram realizadas ainda discussões sobre políticas de saúde, digitalização, educação e proteção ambiental. A primeira eleita prefeita de Essen, Julia Jacob, e o prefeito de Düsseldorf, Stephan Keller, receberam seus homólogos nas respectivas prefeituras. A delegação foi acompanhada por membros da Oficina Municipal, escola de cidadania e gestão pública, e parceira institucional da KAS, o secretário de Turismo da cidade do Rio de Janeiro e a representante adjunta da KAS no Brasil.
As conversações concentraram-se nos desafios enfrentados pelos municípios em sistemas federativos federais como os da Alemanha e do Brasil. Estes incluem cooperação intermunicipal em questões fundamentais como transporte, abastecimento de água e energia, e gestão de resíduos, mas também questões de financiamento de projetos governamentais e a relação das cidades e municípios com os estados federados e o governo federal. As diferenças entre as democracias presidenciais e parlamentares se tornaram mais claras. Por exemplo, os municípios na Alemanha têm mais acesso institucional aos níveis superiores de governo, enquanto que os municípios brasileiros precisam muitas vezes do apoio pessoal de deputados estaduais e federais. Além disso, foi estabelecido encontrado que o conceito de condados (Landkreise) não existe no Brasil. Os princípios de autogestão local, subsidiariedade e convexidade surgiram nas conversas várias vezes. Na área da digitalização, verificou-se que o Brasil está já muito avançado na digitalização de procedimentos administrativos. O país vem aconselhando os cidadãos com a ajuda de inteligência artificial, a expansão das redes 5G, o reconhecimento facial através de câmeras de vigilância e meios eletrônicos de pagamento, bem como no gerenciamento de registros de saúde e estoques de medicamentos. Em termos de políticas de saúde, a Alemanha e o Brasil compartilham o desafio de combater as consequências psicossociais e econômicas da pandemia, a propagação de doenças e o uso de drogas. No campo das políticas ambientais, ambos os países estão preocupados com a preservação da biodiversidade e da diversidade de espécies. O progresso nessas áreas pode ser visto nos respectivos relatórios municipais de sustentabilidade e medidas para a proteção ambiental, transporte sustentável e iniciativas educacionais. Durante o intercâmbio sobre políticas educacionais na Alemanha, as diferenças entre o sistema escolar tripartite alemão (dreigliedriges Schulsystem) e educação e treinamento de professores ficaram claras em comparação com o Brasil, onde existem escolas inclusivas e a maioria dos alunos frequenta escolas públicas. Ambos os países participaram do estudo PISA no passado para medir o desempenho dos estudantes e tiveram que enfrentar desafios como o ensino à distância e a prevenção de evasão escolar no contexto da pandemia Covid 19. Outro tópico importante foi o fornecimento de energia através de fontes renováveis. Foram discutidos os desenvolvimentos atuais no campo da energia solar, mas também energia eólica e hidráulica, e hidrogênio verde, bem como os potenciais de cooperação de ambos os países neste campo.
A viagem terminou com uma reunião de avaliação. Naquela ocasião, o aumento de conhecimento por todos os participantes foi discutido, especialmente com relação às diferenças interculturais e à compreensão mútua sobre dos desafios da política municipal do século XXI.
